Raquel Tupinambá es cacica del pueblo Tupinambá del Bajo Tapajós y es coordinadora del Consejo Indígena Tupinambá (CITUPI). Como líder del pueblo, su papel es trabajar para fortalecer a su comunidad y proteger el territorio.

“Los que desempeñamos un rol de liderazgo tenemos que entender las cuestiones sociopolíticas para desempeñar un buen papel en la gestión de las organizaciones. El CITUPI representa a 25 aldeas del territorio de Tupinambá del Bajo Tapajos. En ese marco, hemos trabajado en algunos frentes, fortaleciendo, por ejemplo, la cuestión de la educación escolar, pensando en la importancia de una educación diferenciada y de calidad, que atienda a los deseos y necesidades de las comunidades indígenas. Y para esto, lo más importante es empoderarse y entender que es lo que queremos cuando hablamos de educación. En este sentido, hemos venido trabajando en la formación de maestros, líderes, jóvenes y mujeres. Y hay varios temas en los que también estamos trabajando más allá de la educación, como los derechos relacionados con la salud indígena diferenciada y de calidad, la espiritualidad y los anhelos de los jóvenes”, expresa la cacica.

Hoy el principal foco de acción de la lideresa son las demandas que tienen que ver con el territorio. “Estamos sufriendo diversas presiones, no sólo sobre nosotros (la gente), sino sobre la gran mayoría, o incluso la totalidad de las áreas boscosas. Afrontamos la presión del gran capital para explotar los recursos naturales, en nuestro caso la madera y el oro en la Cuenca Baja del Tapajos. Por eso, hoy enfrentamos grandes problemas que están afectando la vida de las comunidades de la región, especialmente de las que viven en las márgenes del río”, cuenta Raquel.

El agua del río Tapajós se encuentra contaminada por el mercurio proveniente de las actividades mineras que se realizan em la zona. Y esto no es reciente: el “boom” de la minería en el Tapajós empezó en los años 70. El mercurio es absorbido por los peces y de esta forma termina pasando a los humanos, que consumen pescado. “Estudios recientes han demostrado que nuestra gente tiene altos índices de concentración de mercurio en la sangre y en el cuerpo, y sabemos que el mercurio es un metal pesado que puede desencadenar una serie de enfermedades, especialmente neurológicas y neuromotoras. Así que nuestra preocupación es muy grande, no sólo por la posibilidad de desarrollar estas enfermedades, sino porque sabemos que estamos siendo afectados directamente por la contaminación por mercurio. A esto se suma la presión provocada por la tala de árboles en el territorio, que no es reciente, pero que en los últimos años se ha ido agravando. En este sentido, entendemos que necesitamos fortalecernos cada vez más, con la formación de líderes que comprendan la realidad y que puedan actuar en estas luchas”, enfatiza Raquel Tupinambá.

 


Raquel Tupinambá: “Nós defendemos o território diante da grande pressão da exploração dos recursos naturais pelo grande capital”

Raquel Tupinambá é cacica do povo Tupinambá do Baixo Tapajós e coordenadora do Conselho Indígena Tupinambá (CITUPI). Como liderança de um povo, seu papel principal é de trabalhar para fortalecer as pessoas de sua comunidade e pela proteção do território.

“Aqueles de nós que desempenham um papel de liderança têm que entender as questões sociopolíticas para desempenhar um bom papel na gestão das organizações. O CITUPI representa as 25 aldeias no Território Tupinambá do Baixo Tapajós. Dentro desta estrutura, temos trabalhado em várias frentes, fortalecendo, por exemplo, a questão da educação escolar indígena, pensando na importância de uma educação diferenciada e de qualidade que atenda aos desejos e necessidades das comunidades indígenas. E, para isso, o mais importante é estarmos empoderados e entendendo o que queremos quando falamos de educação e, nesse sentido, temos trabalhado na formação de base com professores, lideranças, jovens e mulheres. E há várias questões em que também estamos trabalhando além da educação, tais como direitos relacionados à saúde indígena de qualidade e diferenciada, a espiritualidade e os desejos das juventudes”, diz a cacica.

Hoje, o principal foco de ação de uma liderança são as demandas que têm a ver com o território. “Estamos sofrendo várias pressões, não apenas sobre nós (o povo), mas sobre a grande maioria, ou mesmo sobre a totalidade das áreas florestadas. Estamos enfrentando pressões de atividades de exploração dos recursos naturais em função dos grandes capitais, no nosso caso, especialmente a madeira e ouro no Baixo Tapajós. Por conta disso, hoje estamos enfrentando grandes problemas que estão afetando a vida das comunidades da região, especialmente aquelas que vivem ao longo das margens do rio”, diz Raquel.

A água do rio Tapajós está contaminada por mercúrio proveniente das atividades de mineração na região, principalmente pelo garimpo ilegal. E isto não é recente: o boom dessa exploração começou nos anos 70. O problema aumenta porque o mercúrio é absorvido pelos peixes e, assim, acaba sendo passado para as pessoas que consumem os peixes. “Estudos recentes mostraram que nosso povo tem altos níveis de concentração de mercúrio em seu sangue e corpo, e sabemos que o mercúrio é um metal pesado que pode desencadear uma série de doenças, especialmente doenças neurológicas e neuromotoras. Portanto, nossa preocupação é muito grande, não apenas devido à possibilidade de desenvolver essas doenças, mas porque sabemos que estamos sendo diretamente afetados pela poluição por mercúrio”. Soma-se a isto a pressão causada pela exploração madeireira no território, que não é recente, mas que nos últimos anos vem se agravando. Neste sentido, “entendemos que precisamos nos fortalecer cada vez mais, com a formação de novas lideranças e pessoas aliadas que entendam a realidade e que possam apoiar e atuar nestas lutas”, enfatiza Raquel Tupinambá.